Bal- Bal
- May Liar
- 22 de mar. de 2017
- 4 min de leitura
Já sabemos que o Bal- bal não é nada lindo, mas é muito esperto e sorrateiro. Há muitas lendas acerca de nosso caro colega asqueroso, algumas mais bizarras do que outras e além de toda sua avassaladora aparência esse monstro astuto tem diversos atributos.
Eis aqui alguns deles:
Tem o olfato muito aguçado, o que o permite sentir o cheiro de mortos mesmo a longas distancias. Ele possui asas, dai a crença de que ele pousa nos telhados das casas, onde pessoas velam seus entes queridos, e usa suas garras poderosas para arrancar partes do telhado, com sua língua de réptil ele lambe os cadáveres antes de rouba-los.
Se já não bastassem esses atributos, nosso amiguinho também pode assumir a forma humana, talvez por isso muitas vezes ele é comparado a nosso amado vampiro, assim como aos monstros assuang, busaw e os amalanhig que também se alimentam de mortos (falaremos deles em outra oportunidade). Em sua forma original ele é similar a um pássaro, possui um canto diferenciado que pode ser nitidamente ouvido durante a noite.
Outra característica notável é que com exceção de seu hálito fétido, derivado de sua dieta a base de cadáveres, o Bal- bal não possui outro cheiro.
Uma das crenças é que as criaturas dessa espécie possuem o poder de hipnotizar as pessoas e atraí-las para mortes violentas, depois de algum tempo, quando o corpo começa a apresentar sinais de decomposição é que o Bal- bal se alimenta de sua vítima.
Antigamente era comum nas Filipinas que durante os funerais as pessoas gritassem e cantassem para afugentar o bal- bal e assim preservar os corpos de seus amados falecidos.
“(...) Era noite, há muito as carpideiras já haviam deixado minha casa.
Depois de muitas lágrimas minha mãe dormiu e coloquei meus irmãos mais novos em suas camas e cantei para que eles dormissem.
Estava cansada demais, não havia me permitido chorar ainda, a perda trágica de meu pai havia nos pego de surpresa e desejávamos acordar desse pesadelo.
Na manhã seguinte levaríamos o corpo dele ao cemitério, seria nosso adeus permanente, eu nunca mais o veria então todas as lágrimas vieram de uma vez. Ouvi ao longe o canto de um pássaro, não reconheci o som, imaginei estar com a mente cheia demais para pensar em qualquer outra coisa.
Acendi uma vela e caminhei até a sala de nossa pequena casa que ficava afastada da vila, nosso estilo de vida simples do campo não nos permitiu dar muitos luxos ao funeral de meu pai.
O caixão sem adornos onde meu pai jazia ainda estava aberto, parei na porta e observei o corpo inerte, dei passos pesarosos em direção a ele, os olhos fechados, selados para sempre, lembravam-me de que eu nunca mais receberia seu caloroso abraço. O local estava mal iluminado, puxei uma cadeira e pus a vela no chão, sentada ali ao lado do cadáver comecei a fechar os olhos me rendendo ao cansaço do dia.
Acordei com um pulo ouvindo um barulho estranho no telhado, a vela havia se apagado, pois não havia mais cera para derreter. A única luz que iluminava o local era a da lua que entrava pela janela e pelas frestas do telhado. Meu coração pulsava rápido demais e minha respiração estava acelerada de igual modo, senti um arrepio subir pela espinha e como medo segurei no caixão, tateei tentando achar as mãos do meu pai e segura-las mesmo que estivessem frias, enfim as encontrei mas percebi que havia algo errado, elas estavam pegajosas, imediatamente afastei-me dele.
Deixei que a luz da lua iluminasse minhas mãos e quando olhei percebi que elas estavam melecadas com uma espécie de saliva viscosa, o cheiro era podre e me fez querer vomitar, ouvi outro barulho e para meu terror não havia somente eu e o corpo de meu pai na sala.
Bem acima do caixão, no teto, havia em buraco, mas isso não era o pior, uma criatura parecida com um pássaro grande, de olhos fechados e pele ressecada estava olhando para o corpo de meu pai, da boca deformada saiu uma longa língua como a de um lagarto, a longa língua se enrolou no pescoço de meu pai e o içou com facilidade como se ele não pesasse nada. Ele tinha longas garras nos pés e nas mãos e asas de morcego.
Ele saiu de minha vista e eu conseguia apenas fitar incrédula o telhado esburacado, sem aviso ele surgiu novamente, ficou a centímetros de meu rosto, o cheiro que vinha da boca monstruosa era pior que o da saliva, como se o odor da sepultura de mil mortos estivessem confinados na bocarra.
Estremeci e ele lentamente estendeu as garras em minha direção, o medo tomou conta de mim, gritei o mais alto que pude e quando ele encostou a ponta da garra em minha bochecha perdi a consciência devido ao pânico.
Acordei algumas horas depois, estava deitada em minha cama, minha mãe sentada em uma cadeira ao lado, parecia cansada, quando me viu despertando se aproximou mais e acariciou meus cabelos.
As lágrimas saíram involuntariamente de meus olhos e minha mãe tentava inutilmente consolar-me.
Entre soluços as únicas palavras que consegui proferir foram:
- O Bal bal levou, o levou... Levou o corpo do meu pai (...)”
Hehehe carinha cruel, então essas são algumas curiosidades que rondam a lenda do nefasto Bal- bal e seu apetite voraz por corpos.
Esperamos que tenham curtido, e melhor ainda que tenham tido diversas ideias onde podemos inserir nosso coleguinha.
Beijos, até a próxima.
Clique na imagem se gostou da matéria e quer baixar o e-book, dessa criaturinha.
Comments